17.12.2015 / Coisas bacanas
Amor pelo lixo para salvar a cidade

Você já se imaginou emocionado numa conversa sobre lixo? Não? Só até ouvir a paixão com que o estudante de Engenharia Ambiental Lucas Chiabi, 24 anos, fala de seu projeto, Ciclo Orgânico, que começou a crescer, aparecer e bombar nas conversas de Facebook. Querendo descobrir o que era o assunto que estava motivando as pessoas com responsabilidade ambiental, Eu Vejo Beleza procurou o rapaz.

Lucas tem o romantismo de quem está começando na profissão, apesar de já estar no último período e ter experiência no assunto. Ele faz palestras sobre compostagem (processo biológico que transforma lixo orgânico em adubo) e, com o projeto Ciclo Orgânico, ganhou o primeiro lugar no Shell Iniciativa Jovem e o segundo na Maratona de Negócios de Impacto Social do Sebrae. Também já foi professor de Física voluntário. Como diria nos meus tempos de estudante, um “craniozinho”.

“Comecei a me interessar pelo assunto na infância, pois gostava muito de plantar e falava que queria ser motorista de caminhão de lixo”, conta Lucas, que é mineiro de Belo Horizonte e hoje mora no Rio. “Li um livro de um pesquisador do Embrapa, Caio Teves, sobre compostagem, e fui me apaixonando mais pelo assunto. O livro mostra o viés técnico, mostra que tem toda uma ciência por trás, e me encantei. Vi que tinha um mundo de possibilidades ali. O livro expõe as cidades que já faziam isso, Garopaba e Florianópolis, em Santa Catarina, e exemplos americanos. Gostei tanto que li o livro cinco vezes e comecei a trabalhar na Embrapa”, lembra Lucas.

Hoje, 60 famílias já aderiram ao programa, no qual o rapaz, de bicicleta, e mais dois ciclistas, passam recolhendo o lixo orgânico em oito bairros da Zona Sul. A ideia é estender para os condomínios da cidade futuramente, mas desde o dia que teve a ideia até agora o projeto tem apenas um ano (seis meses na prática). Funciona assim: o interessado se cadastra e escolhe um dos planos, o Ciclo entra em contato e leva um balde industrial (igual aqueles potes de creme de leite grandes) para que a pessoa separe seu lixo orgânico. O balde é recolhido após uma semana e, depois de um mês, a pessoa recebe de volta um saco de adubo, ou uma muda de tempero, ou doa o adubo. Há plano individual, R$ 60 por mês, ou coletivo, R$ 40, para condomínios.

Lucas se orgulha de ter um emprego com um propósito e, com isso, gerar impacto social e ambiental que gere transformação: “Meu sonho é chegarmos à uma sociedade sem lixo. Cuidar do lixo é o primeiro passo para mudar várias coisas na cidade que a gente vive. Eu tinha uma angústia muito grande de ver tudo sujo, poluição, viver num caos. Pensei: quando der, vou sair fora. Foi quando me dei conta que a solução não era fugir, e, sim, ficar e encarar o problema”.

É ou não é para se emocionar?

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Lucas Chiabi cuida do lixo: ele idealizou e pôs em prática o projeto do Ciclo

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